quinta-feira, 31 de outubro de 2013

MOVIMENTO DIVISIONISTA DE MATO GROSSO

MOVIMENTOS PELA EMANCIPAÇÃO 

DO SUL DE MATO GROSSO

  

A Luta pela Autonomia Os movimentos separatistas do Sul de Mato Grosso, se deram pelo fato de que a região estava isolada de Cuiabá e também a insatisfação da população com a administração. Esses movimentos tiveram inicio no século XIX. O aumento da população e o crescimento econômico, na região Sul de Mato Grosso, fez com que o a luta pela divisão ganhasse força. Um dos principais movimentos pela emancipação do Sul de Mato Grosso, surgiu no município de Nioaque. Para entendermos melhor como foi essa luta pela emancipação, temos que analisar alguns contextos históricos brasileiros entre o final do século XIX e o começo da década de 1930. 

 Contexto Histórico

Republica Velha (1889-1930) A Republica Velha inicia-se com o fim da Monarquia em 1889, e vai até a Revolução de 1930. A insatisfação, de fazendeiros escravistas, religiosos e militares, com o governo de D.Pedro II contribuiu para a queda do Império e levou a Proclamação da República. Em 15 de novembro de 1889, um grupo de militares liderado por Deodoro Fonseca,organizou o Governo Provisório. Marechal Deodoro entregando a bandeira da República à nação no dia 15 de novembro de 1889.

O novo Governo substituiu as antigas províncias pelos estados. O Brasil tornou-se um Republica Federativa, ou seja, composta pela união política entre os Estados, os quais tinham uma certa autonomia em relação ao Governo Central. O primeiro governador mato-grossense foi o general Antônio Maria Coelho. O Estado possuía uma área de 1.231.549 Km², era o terceiro maior Estado brasileiro, em extensão territorial. No período da República Velha, os fazendeiros de café dominavam na política e eram apoiados pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais.Esse grupo dominante consolidou-se no poder por meio da atuação dos “coronéis”, que compunham as lideranças políticas locais e controlavam os governos estaduais. Essa prática política ficou conhecida como “coronelismo”. Os coronéis exerciam influencias sobre os candidatos para que esse votassem em seus candidatos, que, por sua vez, davam suporte aos coronéis, pois dependiam dos votos conseguidos pelos coronéis, para continuarem no poder.

Essa prática política ficou conhecida como “coronelismo”. Os coronéis exerciam influencias sobre os candidatos para que esse votassem em seus candidatos, que, por sua vez, davam suporte aos coronéis, pois dependiam dos votos conseguidos pelos coronéis, para continuarem no poder. Nesse período o café liderava as exportações brasileiras. O café dominou o mercado europeu e norte-americano. No Brasil seus maiores produtores eram São Paulo e Minas Gerais. Durante a República Velha, o surto de industrialização, principalmente de indústrias têxtil e de produtos alimentícios, centralizadas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, foi essencial para que as mercadorias importadas fossem substituídas pelas nacionais, especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, quando não era possível comprar artigos no mercado internacional.
Com as lavouras de café e as indústrias em alta produção, o Governo incentivo a imigração para o Brasil. Entre o final do século XIX e começo do século XX, grandes porções de imigrantes, com predomínio de japoneses, italianos, portugueses e espanhóis, vieram para o Brasil. 

Nioaque - O Berço da Divisão 

Foi em meio a esse contexto histórico do final da Monarquia e a implantação da Republica Velha no Brasil, que aconteceu o primeiro importante movimento pela separação do Sul de Mato Grosso. Após a Guerra do Paraguai (1865-1870), muitos ex-combatentes se instalaram no Sul de Mato Grosso. Esses passaram a se dedicar a agricultura e à extração da Erva-mate.Muitos pecuaristas que se refugiaram da guerra em Cuiabá retornaram para o Sul da Estado. A migração de gaúchos, vitimas de perseguições políticas ocorridas durante a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, também contribuiu para o desenvolvimento do Sul De Mato Grosso. Porém a empresa Mate Laranjeira, instalada na década de 1880, dificultou o povoamento dessa região. A empresa monopolizava a extração da Erva-mate e tinha o apoio do Governo de Mato Grosso. Sua influência dificultava a legalização das terras a serem ocupadas pelos criadores de gado, a fim de garantir a maior parte da terra para a exploração da Erva-mate. 

O poder e a influência da Cia. Mate Laranjeira se estendia por praticamente todo o sul do estado de Mato Grosso, atingindo áreas do oeste de São Paulo e Paraná, além de áreas do Paraguai (em reconstrução após o final da guerra) e também grande poder e influência em setores econômicos de Buenos Aires, Argentina. Esse imenso poder incomodava os políticos e empresários regionais porque engessava qualquer iniciativa capitalista independente da anuência dos burocratas da Mate Laranjeira. Muitos questionavam esse imenso poder, porém Thomaz Laranjeira possuía aliados no governo que impediam qualquer tentativa de prejudicá-lo. Investidores que pretendiam adquirir ou ampliar terras, constituir empresas ou mesmo comercializar sua produção, esbarravam na burocracia, no pagamento de “taxas de passagem” (pedágio) e nos “capangas”, geralmente de origem paraguaia, que estavam à disposição da Cia. Mate Laranjeira. Esse quadro, a distância da capital Cuiabá e o isolamento da região, despertou o sentimento divisionista na elite pensante que percebeu a situação de desvantagem diante do restante do estado e da capital; a renda gerada pela arrecadação de impostos e taxas era remetida à Cuiabá e não retornava na forma de investimentos na estrutura produtiva e no desenvolvimento socioeconômico do sul.
A população do Sul de Mato Grosso estava insatisfeita com o a administração do Estado, reclamavam da falta de atenção; pouca verba, principalmente após a Guerra do Paraguai quando varias cidades ficaram destruídas; queriam melhores condições de comunicação do Sul com o Norte do Estado; além de importantes cidades como Parnaíba, Miranda, Nioaque e Coxim, que permaneciam em isolamento em relação a Cuiabá. Todo esse descontentamento da população do Sul de Mato Grosso fez surgir um movimento separatista em 1900, no município de Nioaque, considerado “O Berço da Divisão do Estado”. Esse movimento foi liderado pelo gaúcho João Ferreira Mascarenhas, coronel, fazendeiro e importante líder político local. Esse movimento ficou conhecido como “ Revolução de Jango Mascarenhas”, o movimento não teve sucesso e seu líder foi morto em combate e 1901 ás margens do rio Taquarussu, em Nioaque.
Pouco depois da Revolução de Jango Mascarenhas, outro movimento pela emancipação eclodiu, em 1907, na cidade Bela Vista, seu líder foi o fazendeiro Bento Xavier. Também foi derrotado após quatro anos de luta. Em 1910, os movimentos separatistas passaram a ser em Campo Grande,que pouco a pouco passou a se tornar maior polo econômico e político de Mato Grosso, impulsionado pela implantação da Estrada Noroeste do Brasil, que chegou  . 

Apesar das derrotas, a ideia de independência do Sul de Mato Grosso, permanecia viva. Durante o Governo de Getúlio Vargas (1930-1945), ela se tornou realidade em dois momentos: no inicio na década de 1930, com a formação do Estado de Maracaju, A capital, Cuiabá, rejeita a ideia de divisão, pois temia o esvaziamento econômico do Estado porque a região sul era a mais rica e povoada; os Estados vizinhos, temerosos de que ocorresse igual movimento divisionistas neles, apoiaram os políticos cuiabanos. Com o término dos combates e a derrota dos revolucionários, os mato-grossenses retornaram para a sua terra e continuaram suas lides diárias; porém o ideal divisionista não tinha morrido e, vez por outra, renascia em inflamados discursos políticos locais. Para evitar o ressurgimento de embates políticos com possíveis combates, o governo federal criou o Território Federal de Ponta Porã, com governo militar.e, entre 1943 e 1946, com o Coronel Ferreira Mascarenhas

O Governo Vargas (1930 – 1945) Em 1930, ocorreu no Brasil um movimento armado, conhecido como Revolução de30, que pôs fim a República Velha. Isso ocorreu devido á insatisfação de alguns setores de elite, que se sentiam excluídos do poder, e também do operariado, das classes médias e dos tenentes. Getúlio Vargas foi então conduzido à presidência da República com o apoio das Forças Armadas e nomeou interventores federais para todos os Estados. A elite do estado de São Paulo que sempre se beneficiou na Republica Velha, estava insatisfeita com a maneira pela qual Getúlio Vargas assumira o poder. A partir dessa insatisfação, iniciaram a Revolução Constitucionalista, exigindo uma nova Constituição para o país. Os paulistas foram derrotados após três meses de luta. Em 1934, foi promulgada uma Constituição democrática, e o Congresso Nacional elegeu o presidente Getúlio Vargas para governar o país até 1938. Em 1937, amparado pelos militares, o presidente deu um golpe de estado e impôs uma nova constituição. Getúlio Vargas governou o Brasil de forma autoritária, mantendo uma forte centralização política e econômica. Muitas leis trabalhistas importantes foram regulamentadas, como o salário mínimo, as férias anuais remuneradas, a jornada de oito horas de trabalho e o direito a assistência médica, entre outros. Apesar da oposição que enfrentou, Vargas manteve-se no poder 1945. 

A formação do estado de Maracaju (1932) Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, liderada por São Paulo, o estado de Mato Grosso ficou dividido: enquanto os mato-grossenses do sul aliavam-se aos paulistas, Cuiabá permanecia fiel ao governo federal. Com exceção de Corumbá, todas as demais forcas federais do sul de mato Grosso aderiram ao movimento. Em 11 de julho de 1932, o general Bertoldo Klinger,comandante de guarnição federal com sede em campo Grande, e chefe da Revolução Constitucionalista no Sul do estado, nomeou Vespasiano Barbosa Martins para o Governo Civil Constitucionalista de Mato Grosso, que ficou conhecido como “Estado de Maracaju”. Em 2 de outubro de 1932, a revolta foi vencida, mas, pouco depois, o presidente Getúlio Vargas convocou a Assembleia Nacional Constituinte. Visando preservar o ideal separatista e reorganizar o movimento pela autonomia, criou-se em 1934 a Liga Mato-grossense. Nesse ano, foi encaminhada uma mensagem assinada por muitos mato-grossense aos representantes de Mato Grosso na Assembleia Constituinte, solicitando a formação do Estado de Maracaju.

Vespasiano Barbosa Martins O Vespa como era chamado, nasceu em 4 de agosto de 1889 na fazenda Campeiro,na região da Vacaria. Era um garoto pobre, de família humilde mas desde cedo era muito interessado nos estudos. Vendo o grande interesse do filho, seu pai vende alguns bois para que Vespasiano estudasse. Formou-se em na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, dois anos depois casou-se com Celina Bais Martins. Partiu para Europa, lá estudou em Paris e Berlim, além de participar de conferências na Itália. Retornando ao Brasil fixou-se em São Paulo e no de 1929 mudou-se para Campo Grande para participar de campanhas políticas. Em 1931 foi nomeado prefeito pelo inventor federal do Governo Getúlio Vargas. Vespasiano em toda sua vida trabalhou pela divisão do Estado. Em 9 de julho de 1932 foi declarada a Revolução Constitucionalista , em São Paulo, Vespasiano foi nomeado para o Governo Civil Constitucionalista de Mato Grosso. Com a derrota do movimento,ele e seus companheiros foram exilados na Argentina, e posteriormente no Paraguai. Após sua volta do exílio, foi nomeado novamente prefeito de Campo Grande. Com carisma e popularidade elegeu-se senador da República (1935 e 1945). Considerado um medico exemplar e um grande homem publico, faleceu em 1965.

O Território Federal de Ponta Porã (1943-1946) A partir de 1943, o Governo de Getúlio Vargas deu início à “Marcha para o Oeste”, o movimento que visava incentivar o desenvolvimento e o povoamento do interior do Brasil. Em setembro deste mesmo ano, forma criados no pais cinco novos Territórios Federais: Amapá, Rio Branco (atual Roraima), Iguaçu, Ponta Porã e Guaporé (atual Rondônia). Para formar estes dois últimos territórios, foram desmembradas terras do Estado de Mato Grosso. O território de Ponta Porã compreendia, na época, oito municípios da região sul do antigo Estado de Mato Grosso: Miranda, Porto Murtinho, Bonito, Bela Vista, Maracaju, Ponta Porã, Nioaque e Dourados. Com o objetivo de ocupar a região de fronteira com o Paraguai, e ainda de reduzir o poder da Companhia Mate Laranjeira, o Governo Federal implantou, ainda em outubro de 1943, a Colônia Agrícola Nacional de Dourados, numa área de 300.000 hectares.Essa área foi então dividida em 10.000 lotes de 30 hectares e cedida a colonos, principalmente a nordestinos. A concessão desses lotes deu início ao surgimento de povoados, vilas e municípios. Outro fato importante propiciado pela instalação do Governo Territorial foi a especial atenção dispensada ao ensino primário, ate então praticamente inexistente na região. A criação do Território de Ponta Porã representou um grande passo para a divisão do estado de Mato Grosso. No entanto, este território teve vida curta, pois, em 1946, coma promulgação da nova Constituição Federal, ele foi extinto.

A criação do estado de Mato Grosso do Sul - Com o grande desenvolvimento econômico do sul do estado de Mato Grosso,baseado, em grande parte, na criação de gado bovino e na intensa produção de grãos,como a soja e o trigo, renasce a ideia da divisão do estado. Um incentivo a isso foram os estudos que vinham sendo realizados por oficiais da Escola Superior de Guerra desde a década de 1950. Entre esses oficiais, encontrava-se o futuro presidente da República, o general Ernesto Geisel, que governaria o país  e 1978, durante o regime militar. O Governo Federal, em caráter sigiloso, formou uma comissão para a apreciação da divisão de Mato Grosso, da qual participou o Dr. Paulo Coelho Machado, conhecedor profundo da história do estado e divisionista desde estudante. 

Finalmente, em 11 de Outubro de 1977, o presidente  Ernesto Geisel sancionou a lei que dividiu o estado de Mato Grosso, criando o estado de Mato Grosso do Sul, com capital em Campo Grande. O pronunciamento do ministro do Interior, Maurício Rangel Reis, realizado cerca de um mês após a criação oficial do estado de Mato Grosso do Sul, terminava assim: Nasce nova Unidade da Federação, que tem a capital a bela cidade de Campo Grande.A data histórica de 11 de Outubro de 1977 ficará gravada na memória do povo de Mato Grosso do Sul [...]. O primeiro governador do novo estado foi nomeado pelo presidente Ernesto Geisel- Harry Amorim Costa, natural de Cruz Alta Rio Grande do Sul,  empossado em 1º de Janeiro de 1979, permanecendo no cargo até 12 de Julho do mesmo ano.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GRESSLER, Lori Alice; VASCONCELOS, Luiza Mello; SOUZA, Zélia Peres. HISTÓRIA DO MATO GROSSO DO SUL. São Paulo: FTD, 2005.


Agora responda:

1. Que mudanças importantes aconteceram  na política, na economia e na sociedade  durante o período da República velha?

2. No final do Séc XIX a ocupação do estado  de Mato Grosso foi intensificada, por que?
 
3.Explique de que forma a empresa Mate Laranjeira prejudicou aqueles que desejavam se fixar na região? 
4. Quais os motivos de insatisfação do sulistas com o governo de Cuiabá? 
5.  Por que a cidade de Nioaque é considerada o berço da divisão do estado? 
6.   Após a derrota da Revolução Jango Mascarenhas, as lutas pela emancipação acabaram? Explique; 
7.Como e quando se deu finalmente a divisão  e a criação do estado de Mato Grosso do Sul?

8.  Com quais estados MS faz divisa, e com quais países?

9.  Qual presidente governava o Brasil quando se deu a divisão do estado de MT?



 

 

Assista ao vídeo sobre a Cultura do Mato Grosso do Sul

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário