MOVIMENTOS PELA EMANCIPAÇÃO
DO SUL DE MATO GROSSO
A Luta
pela Autonomia Os movimentos separatistas do Sul de Mato Grosso, se deram pelo
fato de que a região estava isolada de Cuiabá e também a insatisfação da
população com a administração. Esses movimentos tiveram inicio no século XIX. O
aumento da população e o crescimento econômico, na região Sul de Mato Grosso, fez
com que o a luta pela divisão ganhasse força. Um dos principais movimentos pela
emancipação do Sul de Mato Grosso, surgiu no município de Nioaque. Para
entendermos melhor como foi essa luta pela emancipação, temos que analisar alguns
contextos históricos brasileiros entre o final do século XIX e o começo da década
de 1930.
Contexto Histórico
Republica
Velha (1889-1930) A Republica Velha inicia-se com o fim da Monarquia em 1889, e
vai até a Revolução de 1930. A insatisfação, de fazendeiros escravistas,
religiosos e militares, com o governo de D.Pedro II contribuiu para a queda do
Império e levou a Proclamação da República. Em 15 de novembro de 1889, um grupo
de militares liderado por Deodoro Fonseca,organizou o Governo Provisório.
Marechal Deodoro entregando a bandeira da República à nação no dia 15 de
novembro de 1889.
O novo
Governo substituiu as antigas províncias pelos estados. O Brasil tornou-se um
Republica Federativa, ou seja, composta pela união política entre os Estados,
os quais tinham uma certa autonomia em relação ao Governo Central. O primeiro
governador mato-grossense foi o general Antônio Maria Coelho. O Estado possuía
uma área de 1.231.549 Km², era o terceiro maior Estado brasileiro, em extensão
territorial. No período da República Velha, os fazendeiros de café dominavam na
política e eram apoiados pelos Estados de São Paulo e Minas Gerais.Esse grupo
dominante consolidou-se no poder por meio da atuação dos “coronéis”, que
compunham as lideranças políticas locais e controlavam os governos estaduais.
Essa prática política ficou conhecida como “coronelismo”. Os coronéis exerciam influencias
sobre os candidatos para que esse votassem em seus candidatos, que, por sua
vez, davam suporte aos coronéis, pois dependiam dos votos conseguidos pelos coronéis,
para continuarem no poder.
Essa
prática política ficou conhecida como “coronelismo”. Os coronéis exerciam influencias
sobre os candidatos para que esse votassem em seus candidatos, que, por sua
vez, davam suporte aos coronéis, pois dependiam dos votos conseguidos pelos coronéis,
para continuarem no poder. Nesse período o café liderava as exportações
brasileiras. O café dominou o mercado europeu e norte-americano. No Brasil seus
maiores produtores eram São Paulo e Minas Gerais. Durante a República Velha, o
surto de industrialização, principalmente de indústrias têxtil e de produtos
alimentícios, centralizadas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, foi essencial
para que as mercadorias importadas fossem substituídas pelas nacionais,
especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, quando não era possível
comprar artigos no mercado internacional.
Com as
lavouras de café e as indústrias em alta produção, o Governo incentivo a imigração
para o Brasil. Entre o final do século XIX e começo do século XX, grandes porções
de imigrantes, com predomínio de japoneses, italianos, portugueses e espanhóis,
vieram para o Brasil.
Nioaque - O Berço da Divisão
Foi em
meio a esse contexto histórico do final da Monarquia e a implantação da Republica
Velha no Brasil, que aconteceu o primeiro importante movimento pela separação
do Sul de Mato Grosso. Após a Guerra do Paraguai (1865-1870), muitos
ex-combatentes se instalaram no Sul de Mato Grosso. Esses passaram a se dedicar
a agricultura e à extração da Erva-mate.Muitos pecuaristas que se refugiaram da
guerra em Cuiabá retornaram para o Sul da Estado. A migração de gaúchos,
vitimas de perseguições políticas ocorridas durante a Revolução Federalista do
Rio Grande do Sul, também contribuiu para o desenvolvimento do Sul De Mato
Grosso. Porém a empresa Mate Laranjeira, instalada na década de 1880,
dificultou o povoamento dessa região. A empresa monopolizava a extração da Erva-mate e tinha o apoio do Governo de Mato Grosso. Sua influência dificultava
a legalização das terras a serem ocupadas pelos criadores de gado, a fim de
garantir a maior parte da terra para a exploração da Erva-mate.
O poder e a influência da Cia. Mate Laranjeira se estendia por praticamente todo o sul do estado de Mato Grosso, atingindo áreas do oeste de São Paulo e Paraná, além de áreas do Paraguai (em reconstrução após o final da guerra) e também grande poder e influência em setores econômicos de Buenos Aires, Argentina. Esse imenso poder incomodava os políticos e empresários regionais porque engessava qualquer iniciativa capitalista independente da anuência dos burocratas da Mate Laranjeira. Muitos questionavam esse imenso poder, porém Thomaz Laranjeira possuía aliados no governo que impediam qualquer tentativa de prejudicá-lo. Investidores que pretendiam adquirir ou ampliar terras, constituir empresas ou mesmo comercializar sua produção, esbarravam na burocracia, no pagamento de “taxas de passagem” (pedágio) e nos “capangas”, geralmente de origem paraguaia, que estavam à disposição da Cia. Mate Laranjeira. Esse quadro, a distância da capital Cuiabá e o isolamento da região, despertou o sentimento divisionista na elite pensante que percebeu a situação de desvantagem diante do restante do estado e da capital; a renda gerada pela arrecadação de impostos e taxas era remetida à Cuiabá e não retornava na forma de investimentos na estrutura produtiva e no desenvolvimento socioeconômico do sul.
A
população do Sul de Mato Grosso estava insatisfeita com o a administração do Estado,
reclamavam da falta de atenção; pouca verba, principalmente após a Guerra do
Paraguai quando varias cidades ficaram destruídas; queriam melhores condições
de comunicação do Sul com o Norte do Estado; além de importantes cidades como Parnaíba,
Miranda, Nioaque e Coxim, que permaneciam em isolamento em relação a Cuiabá.
Todo esse descontentamento da população do Sul de Mato Grosso fez surgir um movimento
separatista em 1900, no município de Nioaque, considerado “O Berço da Divisão
do Estado”. Esse movimento foi liderado pelo gaúcho João Ferreira Mascarenhas,
coronel, fazendeiro e importante líder político local. Esse movimento ficou
conhecido como “ Revolução de Jango Mascarenhas”, o movimento não teve sucesso e
seu líder foi morto em combate e 1901 ás margens do rio Taquarussu, em Nioaque.
Pouco depois da Revolução de Jango Mascarenhas, outro movimento pela emancipação
eclodiu, em 1907, na cidade Bela Vista, seu líder foi o fazendeiro Bento
Xavier. Também foi derrotado após quatro anos de luta. Em 1910, os movimentos
separatistas passaram a ser em Campo Grande,que pouco a pouco passou a se
tornar maior polo econômico e político de Mato Grosso, impulsionado pela
implantação da Estrada Noroeste do Brasil, que chegou .
Apesar
das derrotas, a ideia de independência do Sul de Mato Grosso, permanecia viva.
Durante o Governo de Getúlio Vargas (1930-1945), ela se tornou realidade em dois
momentos: no inicio na década de 1930, com a formação do Estado de Maracaju, A capital, Cuiabá, rejeita a ideia de divisão, pois temia o esvaziamento econômico do Estado porque a região sul era a mais rica e povoada; os Estados vizinhos, temerosos de que ocorresse igual movimento divisionistas neles, apoiaram os políticos cuiabanos. Com o término dos combates e a derrota dos revolucionários, os mato-grossenses retornaram para a sua terra e continuaram suas lides diárias; porém o ideal divisionista não tinha morrido e, vez por outra, renascia em inflamados discursos políticos locais. Para evitar o ressurgimento de embates políticos com possíveis combates, o governo federal criou o Território Federal de Ponta Porã, com governo militar.e,
entre 1943 e 1946, com o Coronel
Ferreira Mascarenhas
O Governo Vargas (1930 – 1945) Em 1930, ocorreu no Brasil um movimento armado, conhecido como Revolução de30, que pôs fim a República Velha. Isso ocorreu devido á insatisfação de alguns setores de elite, que se sentiam excluídos do poder, e também do operariado, das classes médias e dos tenentes. Getúlio Vargas foi então conduzido à presidência da República com o apoio das Forças Armadas e nomeou interventores federais para todos os Estados. A elite do estado de São Paulo que sempre se beneficiou na Republica Velha, estava insatisfeita com a maneira pela qual Getúlio Vargas assumira o poder. A partir dessa insatisfação, iniciaram a Revolução Constitucionalista, exigindo uma nova Constituição para o país. Os paulistas foram derrotados após três meses de luta. Em 1934, foi promulgada uma Constituição democrática, e o Congresso Nacional elegeu o presidente Getúlio Vargas para governar o país até 1938. Em 1937, amparado pelos militares, o presidente deu um golpe de estado e impôs uma nova constituição. Getúlio Vargas governou o Brasil de forma autoritária, mantendo uma forte centralização política e econômica. Muitas leis trabalhistas importantes foram regulamentadas, como o salário mínimo, as férias anuais remuneradas, a jornada de oito horas de trabalho e o direito a assistência médica, entre outros. Apesar da oposição que enfrentou, Vargas manteve-se no poder 1945.
A
formação do estado de Maracaju (1932) Durante a Revolução Constitucionalista de
1932, liderada por São Paulo, o estado de Mato Grosso ficou dividido: enquanto
os mato-grossenses do sul aliavam-se aos paulistas, Cuiabá permanecia fiel ao
governo federal. Com exceção de Corumbá, todas as demais forcas federais do sul
de mato Grosso aderiram ao movimento. Em 11 de julho de 1932, o general
Bertoldo Klinger,comandante de guarnição federal com sede em campo Grande, e
chefe da Revolução Constitucionalista no Sul do estado, nomeou Vespasiano
Barbosa Martins para o Governo Civil Constitucionalista de Mato Grosso, que
ficou conhecido como “Estado de Maracaju”. Em 2 de outubro de 1932, a revolta
foi vencida, mas, pouco depois, o presidente Getúlio Vargas convocou a Assembleia
Nacional Constituinte. Visando preservar o ideal separatista e reorganizar o
movimento pela autonomia, criou-se em 1934 a Liga Mato-grossense. Nesse ano,
foi encaminhada uma mensagem assinada por muitos mato-grossense aos representantes
de Mato Grosso na Assembleia Constituinte, solicitando a formação do Estado de Maracaju.
Vespasiano
Barbosa Martins O Vespa como era chamado, nasceu em 4 de agosto de 1889 na
fazenda Campeiro,na região da Vacaria. Era um garoto pobre, de família humilde
mas desde cedo era muito interessado nos estudos. Vendo o grande interesse do
filho, seu pai vende alguns bois para que Vespasiano estudasse. Formou-se em na
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, dois anos depois casou-se com Celina
Bais Martins. Partiu para Europa, lá estudou em Paris e Berlim, além de participar
de conferências na Itália. Retornando ao Brasil fixou-se em São Paulo e no de
1929 mudou-se para Campo Grande para participar de campanhas políticas. Em 1931
foi nomeado prefeito pelo inventor federal do Governo Getúlio Vargas.
Vespasiano em toda sua vida trabalhou pela divisão do Estado. Em 9 de julho de
1932 foi declarada a Revolução Constitucionalista , em São Paulo, Vespasiano foi
nomeado para o Governo Civil Constitucionalista de Mato Grosso. Com a derrota
do movimento,ele e seus companheiros foram exilados na Argentina, e
posteriormente no Paraguai. Após sua volta do exílio, foi nomeado novamente
prefeito de Campo Grande. Com carisma e popularidade elegeu-se senador da
República (1935 e 1945). Considerado um medico exemplar e um grande homem
publico, faleceu em 1965.
O
Território Federal de Ponta Porã (1943-1946) A partir de 1943, o Governo de Getúlio Vargas deu início à “Marcha para o Oeste”, o movimento que visava
incentivar o desenvolvimento e o povoamento do interior do Brasil. Em setembro
deste mesmo ano, forma criados no pais cinco novos Territórios Federais: Amapá,
Rio Branco (atual Roraima), Iguaçu, Ponta Porã e Guaporé (atual Rondônia). Para
formar estes dois últimos territórios, foram desmembradas terras do Estado de
Mato Grosso. O território de Ponta Porã compreendia, na época, oito municípios
da região sul do antigo Estado de Mato Grosso: Miranda, Porto Murtinho, Bonito,
Bela Vista, Maracaju, Ponta Porã, Nioaque e Dourados. Com o objetivo de ocupar a região de fronteira com o Paraguai, e ainda de reduzir o poder da Companhia Mate
Laranjeira, o Governo Federal implantou, ainda em outubro de 1943, a Colônia Agrícola
Nacional de Dourados, numa área de 300.000 hectares.Essa área foi então dividida
em 10.000 lotes de 30 hectares e cedida a colonos, principalmente a nordestinos.
A concessão desses lotes deu início ao surgimento de povoados, vilas e municípios.
Outro fato importante propiciado pela instalação do Governo Territorial foi a
especial atenção dispensada ao ensino primário, ate então praticamente
inexistente na região. A criação do Território de Ponta Porã representou um
grande passo para a divisão do estado de Mato Grosso. No entanto, este
território teve vida curta, pois, em 1946, coma promulgação da nova Constituição Federal, ele foi extinto.
A criação
do estado de Mato Grosso do Sul - Com o grande desenvolvimento econômico do sul
do estado de Mato Grosso,baseado, em grande parte, na criação de gado bovino e
na intensa produção de grãos,como a soja e o trigo, renasce a ideia da divisão
do estado. Um incentivo a isso foram os estudos que vinham sendo realizados por
oficiais da Escola Superior de Guerra desde a década de 1950. Entre esses
oficiais, encontrava-se o futuro presidente da República, o general Ernesto
Geisel, que governaria o país e 1978, durante o regime militar. O
Governo Federal, em caráter sigiloso, formou uma comissão para a apreciação da divisão
de Mato Grosso, da qual participou o Dr. Paulo Coelho Machado, conhecedor profundo
da história do estado e divisionista desde estudante.
Finalmente, em 11 de
Outubro de 1977, o presidente Ernesto Geisel sancionou a lei que dividiu o estado de Mato Grosso,
criando o estado de Mato Grosso do Sul, com capital em Campo Grande. O
pronunciamento do ministro do Interior, Maurício Rangel Reis, realizado cerca
de um mês após a criação oficial do estado de Mato Grosso do Sul, terminava
assim: Nasce nova Unidade da Federação, que tem a capital a bela cidade de
Campo Grande.A data histórica de 11 de Outubro de 1977 ficará gravada na
memória do povo de Mato Grosso do Sul [...]. O primeiro governador do novo
estado foi nomeado pelo presidente Ernesto Geisel- Harry Amorim Costa, natural
de Cruz Alta Rio Grande do Sul, empossado em 1º de Janeiro de 1979,
permanecendo no cargo até 12 de Julho do mesmo ano.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
• GRESSLER, Lori Alice; VASCONCELOS, Luiza Mello; SOUZA, Zélia Peres. HISTÓRIA DO MATO GROSSO DO SUL. São Paulo: FTD, 2005.
Agora responda:
• GRESSLER, Lori Alice; VASCONCELOS, Luiza Mello; SOUZA, Zélia Peres. HISTÓRIA DO MATO GROSSO DO SUL. São Paulo: FTD, 2005.
Agora responda:
1. Que mudanças importantes aconteceram na
política, na economia e na sociedade durante o período da República velha?
2. No final do Séc XIX a ocupação do estado de
Mato Grosso foi intensificada, por que?
3.Explique de que forma a empresa Mate Laranjeira
prejudicou aqueles que desejavam se fixar na região?
4. Quais os motivos de insatisfação do sulistas com o
governo de Cuiabá?
5. Por que a cidade de Nioaque é considerada o berço
da divisão do estado?
6. Após a derrota da Revolução Jango Mascarenhas, as
lutas pela emancipação acabaram? Explique;
7.Como e quando se deu finalmente a divisão e a
criação do estado de Mato Grosso do Sul?
8. Com quais estados MS faz divisa, e com quais
países?
9. Qual presidente governava o Brasil quando se deu a
divisão do estado de MT?