História da África e dos Africanos
Observação: Os textos a seguir não foram escritos por mim, mas, retirados de outros sites como consta nas referências. O objetivo de concentrá-los todos em uma única pagina, facilitando assim a pesquisa, uma vez que o tempo de aula é de apenas 50 minutos. ( Profª Dulce)
Aspectos
gerais da África
A África é uma Península
triangular ligada à Ásia pelo istmo de Suez cortado pelo canal do mesmo nome.
Limitada ao Norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Sul pelos Oceanos, Atlântico e
Índico, ao Leste pelo Mar Vermelho e Oceano Índico e ao Oeste pelo Oceano
Atlântico. É o segundo maior continente do mundo. É 3 vezes maior que a Europa,
4 vezes maior que o Brasil e 412 vezes maior que Portugal continental. Tem uma
área de 30.27 milhões km2, perdendo apenas para o continente Asiático que tem
de superfície 44.30 milhões. km2. A
divisão política do continente africano compreende 53 países independentes, com
uma população total estimada hoje em mais de 681 milhões de seres humanos. Mas,
a curiosidade que caracteriza este pequeno artigo, não se prende tão somente
aos dados da situação geográfica do continente nem aos dados demográficos acima
descritos, pois a maioria de nós já tem/temos conhecimento dos mesmos nos
bancos escolares, pelo menos os que tiveram a oportunidade de ter uma instrução
um pouco mais extensa.
É de extrema importância
ressaltar antes de tudo que, o nome do nosso continente não foge à regra, pois
a maioria dos nomes de países que hoje constituem o continente negro, embora
oriundos de palavras genuinamente locais, surgiu/surgiram dos primeiros
contactos dos colonizadores com as populações autóctones. Podemos dizer, de um
mal-entendido linguístico. O nativo, indagado alguma coisa assim : Como se
chama? Como se chama este lugar? Ele, sem entender absolutamente nada,
responde algo que lhe pareceu ter sido perguntado, associando o som ouvido à
palavra que conhece. E, o inquiridor, que também desconhece totalmente a
língua do aborígene e, ávido de ter uma resposta, capta o som, balbucia a
palavra e escreve de sua forma o som ouvido sem mais nem menos.
A palavra África deriva de
AVRINGA ou AFRI, nome da tribo Berbere que na antiguidade habitava o Norte do
continente. Os berberes são descendentes dos antigos Númidas que habitavam a
região chamada Numídia, entre o país de Cartago e atual Mauritânia, conquistada
pelos romanos ao rei Jugurta, cuja capital era a cidade de Cirta, hoje
Constantina, na Argélia.
O nome África começou a ser
usado pelos romanos a partir da conquista da cidade de Cartago para designar
províncias a Noroeste do Mar Mediterrâneo africano, onde hoje situam-se a
Tunísia e a Argélia. Recorda-se que Cartago foi uma das famosas cidades de
antiguidade da África. Foi fundada no séc. VII a. C. pelos Fenícios, sob a
direção da Princesa Tiriana Dido ou Elisa, filha de Muto, rei de Tiro, (atual
cidade de Sur no Líbano) que após a morte do seu marido Siqueu, fugiu para a
África e fundou a cidade de Cartago numa península, perto da qual se encontra
hoje a cidade de Túnis, capital da Tunísia. Em pouco tempo, Cartago tornou-se
capital de uma poderosa república marítima, substituindo-se a cidade de
Tiro no Ocidente. Criou colônias na Sicília e na atual Espanha. Enviou
navegadores ao Atlântico Norte. Entretanto, as colônias cartagineses na Sicília
suscitaram vistas ambiciosas dos romanos que cultivaram uma ferrenha rivalidade
que culminou com as 3 guerras chamadas Púnicas.
No final da 2ª guerra
púnica, os romanos conseguiram apoderar-se da bela e suntuosa cidade de
Cartago, sob o comando de Cipião - o Africano, apesar dos esforços empreendidos
por Aníbal para impedir que os romanos apoderassem dela. Cartago
restabeleceu-se dessa derrota, mas foi definitivamente destruída na 3ª guerra
púnica, por Cipião Emiliano. Reconstruida pouco depois, floresceu novamente do
séc. I a VI da nossa era e foi uma verdadeira capital da África romana. Mas, no
ano 698 caiu nas mãos dos árabes e começou a decadência. Portanto, no século
XVI, com a necessidade dos Europeus de avançarem para o interior e para o sul
do continente negro, o nome África generalizou-se para todo o continente que
passou a chamar-se de "África".
A palavra África significa
também: façanha, proeza, valentia, algo difícil de se realizar. Este segundo e
pseudo significado, embora recheado de um certo preconceito de um lado, de
outro dignifica-nos como africanos, pois mostra a nítida resistência à penetração
estrangeira no interior do nosso continente e traduz a realidade
verdadeira da época. Foi dado pelos Europeus expedicionários, principalmente os
portugueses, como consequência das enormes dificuldades que tiveram em
penetrar no interior do continente.
A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes, baixas humanas e muitas vezes retrocediam à face das dificuldades e perigo de serem dizimados pelo inimigo que eles mal conheciam e o pior de tudo, conheciam mal o seu terreno. Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas expedições em África eram considerados destemidos e valorosos militares, dispostos "a fazer uma África" isto é, a mostrar sua coragem, a guerrearem, enfrentando o incerto ou inimigo desconhecido. Portanto, estavam dispostos a "meter uma lança em África", que significa dizer, levar a cabo uma empresa difícil.
Civilizações africanas da antiguidade
Situada no nordeste da África, a Núbia era uma extensa faixa de terra localizada ao sul do Egito, entre a primeira e a sexta catarata do Rio Nilo. Nos tempos antigos, serviu como importante elo entre os povos da África Central e os do Mediterrâneo.A história da Núbia ainda é pouco conhecida, pois os sítios arqueológicos da região quase não foram escavados. Além disso, a escrita meroíta, desenvolvida na Núbia, não foi decifrada por completo.
Nos
primeiros tempos de sua história, os núbios viviam da caça, da coleta e da
pesca em comunidades espalhadas ao longo do Rio Nilo. Com o tempo, à semelhança
dos egípcios, eles aprenderam a represar e distribuir as águas do Nilo,
passando, então, a aproveitá-las para a agricultura. Inicialmente, as plantas
mais cultivadas pelos núbios foram o trigo, a cevada e o sorgo.
Por volta de 2000 a.C., comunidades núbias das margens do Nilo se uniram e passaram a obedecer a um único líder, o rei. Surgia, assim, o Reino de Kush, um dos primeiros reinos negro-africanos.
Por volta de 2000 a.C., comunidades núbias das margens do Nilo se uniram e passaram a obedecer a um único líder, o rei. Surgia, assim, o Reino de Kush, um dos primeiros reinos negro-africanos.
A história de Kush está estreitamente ligada à do Egito: os arqueólogos encontraram grande número de objetos egípcios (vasos, pérolas e outros) em terras núbias e produtos núbios (marfim, ouro, ébano etc.) em terras egípcias, o que prova o imenso contato comercial entre eles. Sabe-se também que, por volta de 1530 a.C., o Reino de Kush foi conquistado pelo Egito. Em 730 a.C., no entanto, ocorreu, que durou até 657 a.C. Os faraós negros usavam como símbolo duas serpentes que se erguiam sobre suas frontes para mostrar que reinavam ao mesmo tempo sobre Kush e o Egito. Esses faraós se consideravam sucessores dos faraós egípcios e também ordenaram a construção de pirâmides para lhes servirem de túmulos.
Não
se sabe ao certo quando surgiu o reino de Kush, mas documentos egípcios já
citam os kushitas desde o século 20 a.C. A primeira capital de Kush teria sido
Kerma, na região da terceira catarata do Nilo, mas a capital kushita mais
importante foi Napata, próxima da quarta catarata do Nilo. Muitos arqueólogos
supõem que a transferência da capital para uma região mais ao sul foi uma forma
de os kushitas se afastarem da ameaça egípcia.
Num revés da história, ainda
pouco compreendido, mas ligado ao enfraquecimento do Egito, causado por
disputas políticas internas, em 713 a.C. o rei kushita Shabaka invadiu e
controlou o Egito, iniciando assim a 25ª Dinastia. No Antigo Testamento,
encontramos várias citações sobre os temíveis guerreiros negros do império
kushita.
Contudo, em sua expansão pelo
delta do Nilo, os kushitas entraram em contato com guerreiros ainda mais
poderosos: os assírios (da Mesopotâmia). O rei assírio Assaradão tentou
conquistar o Egito governado pelos kushitas, mas foi derrotado. Seu sucessor,
Assurbanipal, no entanto, ocupou o delta do Nilo em 663 a.C.
A partir de então os kushitas se
retiraram para o sul e mantiveram o controle sobre a Núbia, a partir de Napata.
A fim de se afastarem ainda mais dos conflitos do território egípcio, os
kushitas transferiram sua capital para Meroé (século 6 a.C.), ainda mais ao
sul. Essa cidade era um dos mais importantes entrepostos comerciais entre a
África e o mar Vermelho, além de possuir ricas minas de ferro. (A tecnologia de
fundição do ferro é uma das principais características dos povos africanos
dessa região. Aliás, quando os portugueses chegaram à África, no século 15
d.C., aprenderam com os africanos como fundir ferro de maneira mais eficiente.)
Enquanto o Egito foi
sucessivamente conquistado por assírios, persas, macedônicos e romanos, o reino
de Kush (a partir de então também conhecido como reino Meroíta) manteve sua
independência por mais 9 séculos (alguns historiadores falam em 8 séculos),
controlando várias rotas comerciais que ligavam o interior da África ao mar
Vermelho, e ainda mantiveram relações amistosas com os faraós da linhagem macedônica
(os ptolomaicos).
Quando os romanos conquistaram o
Egito e não conseguiram submeter os kushitas, cortaram o comércio kushita com o
Oriente Médio e o Mediterrâneo, o que levou Meroé a uma progressiva crise
econômica. No século 4 d.C., a já decadente Meroé foi conquistada por povos
vindo do Chifre da África (ou península Somali): os axumitas.
Pirâmides descobertas no Sudão- feitas no Império de Kush
O reino de Axum
O reino de Axum se localizava na
atual Etiópia. Segundo a lenda, esse reino teria sido fundado por Menelik,
filho do rei Salomão com a rainha de Sabá (o que nos remete à história contada
no Livro dos Reis, no Antigo Testamento. Apesar de tal lenda não
ter ainda nenhum fundamento comprovado, manteve-se por muitos séculos).
A cidade de Axum se localizava às
margens do rio Atbara. Sua população era formada por povos locais (a Etiópia é
considerada um dos mais antigos berços da humanidade) e por migrantes vindos da
Arábia antes do século 6 a.C.
Em torno do século 3 a.C., os
kushitas (ou meroítas) mantinham comércio com Axum. Em torno do século 2 a.C., o
porto de Adulis, no mar Vermelho (que ficava a oito dias de viagem até Axum),
era um dos maiores centros comerciais entre a África e a Arábia.
No século 1 d.C., o comércio
transformou Axum num dos centros mais ricos da África. Entre os séculos 2 e 4
d.C., os axumitas controlavam grande parte da navegação, tanto mercante quanto
de guerra, no mar Vermelho. Embaixadores axumitas viajavam pelos grandes reinos
do Oriente Médio e da África, impondo os interesses comerciais de Axum.
Como os axumitas desenvolveram a
escrita (chamada de gueze ou geês), escavações arqueológicas ainda hoje revelam
muitos textos axumitas talhados em argila e pedra. E devido à grande atividade
política de Axum, vários desses textos trazem uma versão em grego (a língua
diplomática da época), o que facilita muito a compreensão da história desse
povo.
Em 335 d.C., os axumitas
invadiram, saquearam e incendiaram a capital kushita, Meroé, pondo fim ao reino
de Kush, que representava um centro comercial concorrente. Acredita-se que a
elite kushita tenha fugido em direção do oeste, chegando até o Chade, e
difundindo assim a cultura kushita.
O império axumita se cristianizou
a partir da influência egípcia, e se tornou um importante centro de difusão
dessa nova religião no leste da África.
Com a expansão árabe muçulmana, a
partir do século 7, o reino axumita cristão perdeu sua força, tanto econômica
quanto cultural. Mesmo assim, séculos mais tarde, durante a expansão marítima e
comercial de Portugal (século 15), muitos navegadores tinham como meta
encontrar o reino lendário de Prestes João
um reino cristão africano que, provavelmente, seria o antigo reino de Axum.
E vale lembrar: muito tempo
depois, enquanto toda a África era repartida e dominada pelas potências
imperialistas europeias (no século 19), a Etiópia foi um dos poucos reinos que
conseguiu manter sua independência. Ainda hoje, portanto, conhecer e valorizar
a cultura etíope pode ser um caminho interessante para se compreender parte da
história da humanidade.
Localizado entre a segunda e a
sexta catarata, o reino de Kush se distingue dos demais reinos antigos por duas
importantes características: o modo como o rei era eleito e o papel da mulher
na política. A escolha do rei
Os cuxitas escolhiam seu rei de um modo peculiar. Inicialmente, os líderes das comunidades votavam nos candidatos que consideravam mais preparados para o cargo de rei. Em seguida, lançavam sementes ao chão para perguntar ao deus da cidade qual dos eleitos devia ser o escolhido. O desenho que as sementes formavam era considerado uma festa que terminavam com a coroação do novo rei. Assim, enquanto no Egito o filho sucedia o pai, em Kush o rei era escolhido dentre os eleitos pelos líderes da comunidade e pela consulta ao deus da cidade.
Candace, a mulher na política
Os cuxitas escolhiam seu rei de um modo peculiar. Inicialmente, os líderes das comunidades votavam nos candidatos que consideravam mais preparados para o cargo de rei. Em seguida, lançavam sementes ao chão para perguntar ao deus da cidade qual dos eleitos devia ser o escolhido. O desenho que as sementes formavam era considerado uma festa que terminavam com a coroação do novo rei. Assim, enquanto no Egito o filho sucedia o pai, em Kush o rei era escolhido dentre os eleitos pelos líderes da comunidade e pela consulta ao deus da cidade.
Candace, a mulher na política
As mulheres ocupavam posições importantes no Reino de Kush. A mãe do rei, por exemplo, recebia o título de senhora de Kush ou candace. Quando seu filho se casava, ela adotava a esposa do filho como sua filha. Assim, influenciava o gorverno, tanto por meio do filho como da nora.
Por vários vezes, a rainha-mãe ocupou, ela própria, o poder político. Entre as
candaces que chegaram ao poder encontra-se Amanishaketo (42-12 a.C.). Uma das
poucas vezes que a África antiga aparece na história universal é quando se
conta que o povo cuxita, comandado por uma mulher, provavelmente Amanishaketo,
enfrentou o poderoso Império Romano.
Para alguns historiadores africanos, a marcante participação da mulher no
governo ajuda a explicar o fato de o Reino de Kush ter longa vida.
Economia
Enquanto a capital foi Napata, a principal atividade econômica dos
cuxitas era a pecuária: eles criavam cabritos, cabras, cavalos e burros
(usados, sobretudo, no transporte de produtos). A riqueza de uma pessoa era
medida pelo tamanho de seu rebanho. Em 300 a.C., com a mudança da capital para
Méroe, onde as chuvas eram mais regulares, houver aumento da área de terra
irrigada e expansão da agricultura. Além de cereais, os cuxitas passaram a
cultivar linho, algodão, abóbora e frutas, como tâmara e uva.
Napata
Mineração, artesanato e
comércio
O solo cuxita era riquíssimo em metais, como o ouro e o ferro, e pedras
preciosas, como o rubi. Escavações recentes em Méroe revelaram templos e muros
folheados a ouro. O governantes cuxitas exerciam rígido controle sobre a
extreção e o comércio de minérios, garantindo com isso seus rendimentos e
poder. O ouro cuxita era usado no comércio com o Egito e com Roma. Quando ao
ferro, é provável que Méroe tenha sido o lugar a partir do qual se difundiu o
conhecimento da fusão e do manuseio desse metal na África.
Os
cuxitas vendiam para o Egito ouro, incenso, ébano, óleos, marfim, pedra preciosas,
penas de avestruz e pele de leopardo. E da terra dos faraós eles compravam,
sobretudo, vasos, pérolas e papiro.
A sociedade cuxita
O pouco que se sabe sobre a sociedade cuxita é que a classe dirigente era formada pelo rei e sua família, pelos nobres, que ocupavam altos cargos do funcionalismo, e pelos sacerdotes. Os agricultores e os criadores de gado, que eram pessoas livres, formavam a maioria da população. As camadas intermediárias eram constituídas por artesãos, comerciantes, militares e pequenos funcionários. Havia ainda os prisioneiros de guerra, que trabalhavam como escrevos por algum tempo.
Não se sabe ao certo as razões do declínio de Kush. Provavelmente, os cuxitas
perderam para outro povo o controle das rotas comerciais, uma das bases de
sustentação de seu poder. O que se pode dizer com certeza é que, nos primeiros
séculos da Era Cristã, Kush foi empobrecendo; as perâmides de seus reis foram
se tornando menores e mais rústicas, e o números de objetos egípcios
encontrados em solo cuxita diminuiu bastante. No ano 330, o reino de Kush foi
conquistado por outro reino africano, o de Axum, situado no norte da atual Etiópia.
Escravidão na África (Por Leandro Carvalho-
Mestre em História)
Durante muito tempo, acreditou-se
na ideia de que a escravidão ocorrida na África fora mais branda e humanista se
comparada à escravidão praticada na América até o século XIX. Muitos defendiam
a tese de que o cativo era absorvido pelo povo que o capturava, caracterizando
uma escravidão exclusivamente de cunho doméstico, mas, conforme veremos, a
escravidão na África não ocorria somente neste formato.
No presente texto, nosso
principal objetivo é analisar a escravidão existente na África e comparar com a
escravidão presente no Novo Mundo. No entanto, não podemos comparar a
brutalidade da escravidão na África com a da escravidão na América. “Qual escravidão
foi mais brutal com os escravos, a africana ou a americana?”. Essa pergunta não
tem resposta, pois os parâmetros utilizados por cada forma de escravidão
pautam-se na realidade social, política e cultural específica de cada
continente.
Porém, sabemos que a relação
entre senhor e escravo, tanto na África como na América, sempre foi baseada na
violência, nos castigos e nas punições disciplinares. Além disso, as pessoas
foram retiradas dos meios em que viviam, separadas de suas famílias, obrigadas
a aprender outros idiomas e outros costumes, além de terem sido humilhadas e
torturadas. Todas essas características foram chamadas de processo de
desterritorialização, que ocorre quando indivíduos são retirados à força de
seus territórios para outros territórios muitas vezes inóspitos.
A partir de então, é preciso se
conscientizar de que toda forma de escravidão é desumana e violenta. O escravo
se encontrava em posição de subordinação e nunca foi tratado como igual, por
isso devemos questionar a ideia de que na África a escravidão havia sido mais
branda e humanitária.
A escravidão africana se
configurou como cruel e desumana, segundo a historiadora Marina de Melo e
Souza[i]
“Desde os tempos mais antigos,
alguns homens escravizaram outros homens, que não eram vistos como seus
semelhantes, mas sim como inimigos e inferiores. A maior fonte de escravos
sempre foram as guerras, com os prisioneiros sendo postos a trabalhar ou sendo
vendidos pelos vencedores. Mas um homem podia perder seus direitos de membro da
sociedade por outros motivos, como a condenação por transgressão e crimes
cometidos, impossibilidade de pagar dívidas, ou mesmo de sobreviver
independentemente por falta de recursos. [...] A escravidão existiu em muitas
sociedades africanas bem antes de os europeus começarem a traficar escravos
pelo oceano Atlântico”(SOUZA, 2006, p. 47 apud MOCELLIN; CARMARGO, 2010, p. 174).
As pessoas se tornavam
escravizadas na África principalmente por guerras. Outra forma de escravidão
presente na África foi a escravidão por dívida: o indivíduo endividado passava
a ser escravo do credor da dívida.
Sabemos que a escravidão já
existia na África antes da chegada dos europeus no continente, mas a escravidão
se tornou um negócio lucrativo tanto para os africanos que escravizavam, quanto
para os europeus que traficavam escravos. A acentuação da escravidão na África
aconteceu porque as vendas de escravos para a América se tornou uma lucrativa
atividade.
O tráfico Negreiro ( Por Leandro Carvalho)
Com a expansão marítima europeia, no século XV, e a conquista do Novo Mundo, os europeus necessitaram de mão de obra para os seus empreendimentos nas novas terras conquistadas (América). Primeiramente, escravizaram os indígenas, os nativos da América, porém essa escravidão foi proibida pela Igreja Católica.
Dessa forma, os portugueses,
proibidos de escravizar os povos indígenas, tiveram que retornar ao continente
africano e negociar a compra de escravos. A escravização de pessoas era uma
prática antiga na África, no entanto, com os europeus empreendendo a compra de
escravos naquele continente, o número de escravos aumentou.
Assim, no século XV, o tráfico
negreiro, ou tráfico de escravos, assumiu enormes proporções. Os Estados
europeus instalaram feitorias e portos de abastecimento de escravos no litoral
africano. Nessas feitorias foram embarcados os escravos que vieram para as
colônias europeias na América nos navios chamados tumbeiros.
Uma vez embarcados nos navios
negreiros (tumbeiros), os escravos, oriundos de diferentes regiões e etnias
africanas, eram tratados com extrema violência e recebiam pouca alimentação.
Geralmente, eram maltratados e castigados sem nenhum motivo aparente e eram
amontoados dentro dos navios tumbeiros em ambientes insalubres, propícios à
proliferação de doenças.
A travessia pelo oceano Atlântico
constituía o início do sofrimento dos africanos escravizados que se destinavam
à América. A viagem da África para o Brasil durava de 30 a 45 dias, conforme o
lugar de partida e o de chegada. Com a chegada ao Novo Mundo, os navios
negreiros eram conduzidos a diferentes portos e localidades na América, mas
quase sempre os escravos tinham um destino em comum: os mercados, onde eram
comercializados como mercadorias, rendendo altos lucros para os traficantes de
escravos.
No entanto, a partir de novas
pesquisas realizadas por historiadores, não foram somente os europeus que
organizaram o tráfico negreiro. Segundo o historiador Manolo Florentino (1997),
no Brasil, nos séculos XVIII e XIX, várias pessoas se especializaram e
investiram na compra de escravos na África. Muitos traficantes de escravos eram
cariocas e mantinham as embarcações que traziam os escravos para o Novo Mundo.
Quase sempre, os traficantes de escravos negociavam com os africanos com base
no escambo, comercialização de mercadorias como aguardente, armas de fogo,
pólvora, tecidos, entre outros, em troca das pessoas escravizadas. (FLORENTINO,
1997 apud JUNIOR, 2006).
A escravidão na América perdurou
por quase quatro séculos e milhões de africanos vieram escravizados para as
terras do Novo Mundo. A proibição do tráfico negreiro ocorreu no Brasil no ano
de 1850, com a lei Eusébio de Queiroz.
O comércio de pessoas que se
tornavam escravizadas estava presente no continente africano desde os egípcios
antigos. As pessoas se tornavam escravas na África principalmente em razão das
guerras: membros de tribos rivais eram reduzidos à condição de cativos, ou
seja, escravos. As guerras se davam entre os diversos reinos africanos e,
também, por meio dos conflitos que ocorriam entre as diferentes etnias
africanas. Outra forma pela qual as pessoas se tornavam escravas era através
das dívidas.
Na África, o comércio de escravos
teve início por volta do século II a. C., quando o faraó Snefru retornou da região
da Núbia com milhares de prisioneiros de guerra que se tornaram escravos no
Egito Antigo. Posteriormente, gregos e romanos continuaram a traficar e a
escravizar os africanos que se tornaram prisioneiros de guerra. É bom ressaltar
que grande parte do norte da África integrou o Império Romano, e os gregos
dominaram por muito tempo o mar Mediterrâneo, que liga o continente europeu com
o continente africano. Em razão disso, vários africanos foram escravizados
pelos romanos e gregos.
Com a conquista árabe, no século
XII, principalmente no norte da África, o tráfico de escravos e o número de
pessoas escravizadas na África aumentaram. Porém, o comércio de escravos
africanos aumentou significativamente a partir do tráfico negreiro inaugurado
pelos europeus no contexto da expansão marítima europeia, no século XV (Idade
Moderna).
No decorrer do século XV, os
europeus, no intuito de expandir suas atividades comerciais, exploraram a costa
africana. Com a colonização da América, necessitavam de mão de obra para trabalhar
nas terras conquistadas no “Novo Mundo”.
Diante dessa nova realidade, os
europeus passaram a praticar o lucrativo tráfico negreiro, que aconteceu
durante quatro séculos entre o continente africano e o continente americano. O
tráfico negreiro ocasionou transformações na sociedade africana, pois o aumento
ou a diminuição da escravidão interna (na África) estava relacionado (a) com a
maior ou a menor demanda externa (para a América). Portanto, quanto maior a
necessidade de escravos na América, maior era o número de pessoas escravizadas
na África. Assim, o tráfico negreiro se tornou um negócio rentável.
O contingente de africanos que
foram trazidos forçadamente para a América como escravos não é preciso, mas
situa-se entre dez e onze milhões de africanos escravizados, desde o século XV
até a abolição do tráfico negreiro em Cuba, no ano de 1868. No Brasil, o
tráfico negreiro foi proibido com a Lei Eusébio de Queiroz em 1850, mas a
escravidão somente foi abolida no ano de 1888.
A Vida nas Senzalas e o Trabalho Escravo no Brasil
Só pronunciando esse termo, já se pode sentir o peso e a tristeza de uma
época sangrenta, onde um povo negro, se via obrigado a não só trabalhar
na casa grande ou nas lavouras mas, também fazer outras atividades
contra a sua vontade.
A senzala era um alojamento ou habitação dos escravos brasileiros, que existiram no tempo da escravidão no século XVI e XIX e ficavam dentro das fazendas de café.
As senzalas eram galpões de porte médio ou grande em que os escravos passavam a noite. Muitas vezes, os escravos eram acorrentados dentro das senzalas para evitar as fugas.
Costumam ser rústicas, abafadas (possuíam poucas janelas) e desconfortáveis. Eram construções muito simples feitas geralmente de madeira e barro e não possuíam divisórias.
Os escravos dormiam no chão duro de terra batida ou sobre palha. Costuma haver na frente das senzalas um pelourinho (tronco usado para amarrar o escravo para a aplicação de castigos físicos).
Algumas fazendas do interior do Brasil preservaram estas senzalas que hoje são visitadas como pontos turísticos. Mostram um aspecto importante da história de nosso país: a falta de humanidade com que os africanos foram tratados durante séculos no Brasil.
A senzala era um alojamento ou habitação dos escravos brasileiros, que existiram no tempo da escravidão no século XVI e XIX e ficavam dentro das fazendas de café.
As senzalas eram galpões de porte médio ou grande em que os escravos passavam a noite. Muitas vezes, os escravos eram acorrentados dentro das senzalas para evitar as fugas.
Costumam ser rústicas, abafadas (possuíam poucas janelas) e desconfortáveis. Eram construções muito simples feitas geralmente de madeira e barro e não possuíam divisórias.
Os escravos dormiam no chão duro de terra batida ou sobre palha. Costuma haver na frente das senzalas um pelourinho (tronco usado para amarrar o escravo para a aplicação de castigos físicos).
Algumas fazendas do interior do Brasil preservaram estas senzalas que hoje são visitadas como pontos turísticos. Mostram um aspecto importante da história de nosso país: a falta de humanidade com que os africanos foram tratados durante séculos no Brasil.
Senzalas:
A senzala
era uma espécie de habitação ou alojamento dos escravos brasileiros. Elas
existiram durante toda a fase de escravidão
(entre o século XVI e XIX) e eram construídas dentro da unidade de produção
(engenho, mina de ouro e fazenda de café). As senzalas eram galpões de porte médio ou grande em que os escravos passavam a
noite. Muitas vezes, os escravos eram acorrentados dentro das senzalas para
evitar as fugas. Costumam ser rústicas, abafadas (possuíam poucas janelas) e desconfortáveis.
Eram construções muito simples feitas geralmente de madeira e barro e não
possuíam divisórias.
Os
escravos dormiam no chão duro de terra batida ou sobre palha. Costuma haver na
frente das senzalas um pelourinho (tronco usado para amarrar o escravo para a
aplicação de castigos físicos).
Algumas
fazendas do interior do Brasil preservaram estas senzalas que hoje são
visitadas como pontos turísticos. Mostram um aspecto importante da história de
nosso país: a falta de humanidade com que os africanos foram tratados durante
séculos no Brasil.
Nos engenhos de açúcar do Brasil
Colonial eram empregados o trabalho assalariado livre e o trabalho escravo
africano. Neste texto daremos ênfase às formas e características do trabalho
escravo colonial.
A maioria da população colonial brasileira era composta por africanos e seus descendentes escravizados. O desenvolvimento da economia colonial era garantido pela mão de obra escrava, que era empregada em diversas áreas: pecuária, lavoura, coleta, pesca e transporte de produtos. Os escravizados também realizavam uma diversidade de atividades desde o plantio (diversas culturas) até a preparação e o processamento do açúcar.
A maioria da população colonial brasileira era composta por africanos e seus descendentes escravizados. O desenvolvimento da economia colonial era garantido pela mão de obra escrava, que era empregada em diversas áreas: pecuária, lavoura, coleta, pesca e transporte de produtos. Os escravizados também realizavam uma diversidade de atividades desde o plantio (diversas culturas) até a preparação e o processamento do açúcar.
As jornadas de trabalho dos
trabalhadores escravizados nos engenhos variavam: o plantio (preparação do
solo) demandava diariamente aproximadamente 13 horas de labor; já o corte e a
moagem da cana-de-açúcar demandavam 18 horas diárias.
Os escravos de campos
integravam 80% dos trabalhadores escravizados dos engenhos de açúcar e
trabalhavam plantando, colhendo, guiando boiadas e outros animais, pescando,
caçando, entre outras coisas. Existiam os escravos que labutavam na produção do
açúcar: esses constituíam aproximadamente 10% dos escravizados. As escravas
domésticas, que geralmente trabalhavam na casa-grande (habitação do senhor
de engenho e de sua família), exerciam os cargos de faxineiras, cozinheiras,
arrumadeiras, amas de leite. Os artesãos (oleiro, carpinteiro, ferreiro)
constituíam, juntamente com os escravos domésticos, os outros 10% dos
trabalhadores escravizados.
O sistema de trabalho nos engenhos era geralmente por tarefas, ou seja, cada escravo exercia uma tarefa diária. Além disso, todos realizavam serviços extras (construção de casas, cercas, consertos, entre outros). Os trabalhadores escravizados que não desempenhavam sua tarefa diária sofriam punições e castigos, e os que tentavam fugir da condição desumana em que se encontravam, geralmente sofriam sérios castigos físicos.
O sistema de trabalho nos engenhos era geralmente por tarefas, ou seja, cada escravo exercia uma tarefa diária. Além disso, todos realizavam serviços extras (construção de casas, cercas, consertos, entre outros). Os trabalhadores escravizados que não desempenhavam sua tarefa diária sofriam punições e castigos, e os que tentavam fugir da condição desumana em que se encontravam, geralmente sofriam sérios castigos físicos.
Nesse período da história do
Brasil (dos engenhos de açúcar) surgiram vários aspectos e características da
sociedade brasileira. Os escravos africanos deixaram várias heranças culturais.
Foi na senzala (habitação dos escravos no engenho) que surgiu a feijoada, prato
presente na culinária brasileira; e a capoeira, que se confundia com uma dança,
mas que era uma forma de luta desenvolvida entre os escravos na resistência
contra o trabalho escravo – muito praticada hoje em dia no Brasil e no mundo.
A Arte e Cultura Africana
A cultura afro- brasileira recebe este nome por influenciar os costumes brasileiros desde o
tráfico de escravos africanos. Ela acarretara mudanças em diversos
aspectos, pois podemos encontra-la na música popular, nas religiões, na
culinária entre outros.
Máscaras
Normalmente, a máscara é apenas um dos elementos utilizados nas cerimônias e rituais, havendo a combinação com outras manifestações, como dança, música e instrumentos musicais.
Línguas - Na
África do Sul existem 11 idiomas oficiais, embora o inglês seja o mais usado.
O afrikáans, derivado do holandês, também é muito utilizado pelos
descendentes de holandeses. Além destes, existem outros idiomas oficiais usados
por determinados grupos étnicos. Entre estes, podemos citar: tswana, swasi,
ndebele, sesotho, tsonga, venda e zulú.
Culinária:
presenta grandes pratos que tiveram influência do povo africano, como a
feijoada, que era servida nas senzalas para os escravos, no território
baiano, temos o acarajé, o vatapá e a moqueca, que até hoje possui
ingredientes importados da África, como por exemplo o azeite-de-dendê. A
culinária sul-africana recebeu a influência dos povos pré-colonização
(khosai, xhosa e sotho) e dos britânicos e holandeses. A base da culinária é
a carne (vaca, frango porco). O vinho também é faz parte desta culinária,
sendo a África do Sul um importante produtor desta bebida.
Existe
uma espécie de evento social tradicional sul-africano chamado de braai, cujo
centro é a comida. Num braai, espécie de churrasco, os homens assam e grelham
as carnes, enquanto as mulheres cuidam das saladas e sobremesas. No braai são
grelhados diversos tipos de carnes e embutidos (salsicha, coxas de frango,
costeletas, carne seca, rabo de boi, linguiça entre outros tipos).
O acarajé é um prato da cozinha afro-baiana,
que consiste num bolinho feito de feijão amassado e frito em
azeite-de-dendê, e que se serve com camarão, molho de pimenta e cebola.
O acarajé feito na festa Kizomba é da melhor qualidade.
A feijoada:
O
bitong também é comum na África do Sul. Trata-se de um bife de carne seca
que, tradicionalmente, é muito consumido enquanto se assiste alguma atividade
esportiva.
Cultura: Vários estilos musicais foram influenciados pela cultura africana em nosso país, como o samba, o maxixe e outras. Nelas usam-se instrumentos que apresentam igualdade em outros países que é o atabaque, o tambor e o berimbau.
Música
sul-africana
A
música na África do Sul também é muito diversificada como aconteceu com
outros aspectos culturais. Estilos regionais africanos (música folclórica)
convivem e, muitas vezes, se fundem com a música internacional. Podemos
destacar os grupos Jazz Pioneers e Ladysmith Black Mambazo como destaques no
campo musical sul-africano, pois conquistaram popularidade em vários países do
mundo.
A utilização de máscaras em cerimoniais é prática comum há milhares
de anos na Africa. As máscaras são de fundamental importância nos
rituais, sejam de iniciação, de passagem, ou de evocação de entidades
espirituais. As máscaras apresentam-se, também, como elementos de
afirmação étnica, expondo características de cada grupo. Assim, existe
uma grande diversidade de formas e técnicas de confecção.
Normalmente, a máscara é apenas um dos elementos utilizados nas cerimônias e rituais, havendo a combinação com outras manifestações, como dança, música e instrumentos musicais.
Mas se no passado era prática generalizada, o uso de máscaras rituais
teve um enorme declínio nas últimas décadas. Entretanto, a manufatura e o
emprego deste objetos continua sendo um aspecto fundamental na
identidade de vários grupos étnicos africanos. Por isso, já existem
pessoas que trabalham pela preservação deste hábito milenar.
A
máscaras são empregadas, basicamente, em eventos sociais e religiosos.
Além de representarem os espíritos ancestrais, em alguns casos objetivam
o controle de forças espirituais das comunidades para um determinado
fim, sejam estas forças benéficas ou malignas.
A Religião Africana
ISLAMISMO: Conhecida como a religião de Maomé, o islamismo é a religião quase 100% presente em países como Somália, Mauritânia, Saara Ocidental, Djibouti, Saara Ocidental, Tunísia, Marrocos, Argélia e Líbia. A difusão do islamismo no continente é justificada pelo comércio e pela conquista militar de territórios, principalmente nas tomadas que avançaram pelo alto vale do Nilo. O Egito e o Marrocos são os países em que a tradição islâmica é mais antiga. Mesmo com as constantes disputas territorialistas mantidas contra os Europeus, que também tentavam abolir as “fortalezas islâmicas”, os muçulmanos perseveraram ao longo dos anos como maioria no país. Conforme afirma muitos estudiosos, essa maioria em partes é resultado da própria condição de exploração e miséria a que o continente submeteu-se durante os anos, uma vez que uma dos principais ideologias do islã é a oposição ao Ocidente Imperialista.
O CRISTIANISMO: A África é o 2º território alcançado na história da expansão do cristianismo. O Egito é um dos países que mais apresentam importância para a difusão da religião de Jesus Cristo para os outros países, ao lado de outras figuras africanas históricas e que também foram convertidas ao cristianismo, como Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Cipriano de Cartago, Atanásio de Alexandria , Agostinho de Hipona e Marcos, o Evangelista, criador da Igreja Ortodoxa da Alexandria. Conforme afirmam as recentes pesquisas da Universidade Censur em El Jadida, Marrocos, a estimativa é que a fé cristã continue a expandir-se no território e alcançar predominância em mais países do continente. Hoje, o cristianismo é maioria em 31 países africanos e soma 20% dos cristãos do mundo.
CRENÇAS TRADICIONAIS: Grande parte do território da África do Sul possui tendências ao misticismo e espiritualismo. Isto porque, as práticas dos rituais tradicionais africanos envolvem a compreensão do imaterial e do divino e os países do Sul africano, graças a milenar cultura tribal, estão ligados a esse tipo de crença. A estimativa é de que a religião tradicional africana seja seguida por 100 milhões de habitantes de todo o território da África. A religião tradicional africana sofre certos preconceitos até os dias atuais, já que em muitas crenças utilizam práticas de sacrifício e adoração. A cultura africana é muito rica em rituais e tradições antigas, que foram adotadas também pelos brasileiros. É de grande importância o respeito pelas práticas de religião africana, pois elas contam de modo diferente uma possível história da criação do mundo.
A religião tradicional africana distingue dois aspectos da realidade: aquilo que é visível, físico, material..., e aquilo que é invisível e espiritual. Estes dois aspectos fundem-se entre si: nenhuma coisa do mundo físico é tão material que não contenha em si elementos do mundo espiritual. Isto conduziu à crença de que há espíritos nas pedras, nas montanhas, nos rios, nas árvores, nos trovões, no Sol e na Lua... Daí a religião tradicional africana ser muitas vezes chamada também de religião animista.
Seus praticantes vivem em profunda harmonia com todo o universo e esforçam-se para comportar-se de maneira adequada, conforme as leis morais. Isso não significa que não existem momentos religiosos mais destacados de outros, considerados profanos, mas toda a vida é sustentada pelo elemento religioso que une os seres, o cosmo, o mundo invisível e o Ser Superior. Todo o universo tem uma alma.
OS RITOS
Ritos, cerimônias, preces... são algumas das modalidades
através das quais o ser humano procura se expressar e alcançar
sua própria harmonia com o todo. Mas o que importa é a atitude
interior que caracteriza a vida dos povos tradicionais, uma atitude profundamente
religiosa. Cada fato cotidiano, banal ou importante, é colocado
num contexto que supera a dimensão material.O ritual sacraliza os momentos importantes da vida: nascimento, adolescência, matrimônio e morte. Existe, além disso, uma grande variedade de ritos: de iniciação, purificação, propiciação, comemoração, ação de graças etc.
Os ritos de iniciação garantem a boa integração na comunidade dos vivos, e os ritos fúnebres garantem a benevolência dos antepassados: por isso, devem ser bem feitos. Freqüentemente, a iniciação é também o ingresso em uma “sociedade secreta”, onde se aprendem ritos secretos, mitos secretos e mesmo uma linguagem secreta...
Os africanos possuem lugares de culto, embora muito modestos: pequenas cabanas, altares junto aos caminhos, cumes de montanhas... As oferendas são feitas para pedir saúde, vida, sucesso...
A oração comunitária é a preferida e exprime-se com danças e cantos.
O mesmo acontece com os ritos: impera a criatividade, o movimento, o dinamismo...
ELEMENTOS
As religiões tradicionais africanas, diferentes em muitas manifestações,
de acordo com os respectivos povos, possuem vários pontos comuns
essenciais, mas tendo como objeto central a vida.Potências espirituais: Abaixo do Ser Supremo existem inúmeras potências mais ou menos espirituais, que se ocupam das coisas mundanas, em lugar do Ser Supremo, e que, por isso, são muito invocadas (como os orixás dos ioruba).
Demiurgo: A criação foi feita mediante um demiurgo (artífice), que é um antepassado mítico, às vezes identificado com o fundador do povo, ao qual se devem tanto a geração do ser humano como a introdução dos costumes, ofícios e ritos.
Ritos de iniciação: Como todos os povos primitivos, os africanos dão importância aos ritos de iniciação que, não raro, exigem provas duríssimas, até sangrentas (mutilações).
Danças: Na falta de livros, os ritos desempenham papel importante na manutenção viva e atuante das tradições religiosas e sociais. Neste sentido, as danças são de fundamental importância, pois, no seu ritmo e dinamismo, dão a máxima expressão a todas as atividades do grupo.
Curandeiros: Com artes próprias, como incisões e aplicações de ervas, e mesmo com o recurso da sugestão, atendem às necessidades do povo.
Culto: Em geral, os africanos não possuem estátuas, nem templos e sacerdotes. Os sacrifícios de animais (porcos, cães, cabritos, aves...) não são oferecidos a Deus como adoração, mas aos orixás (espíritos intermediários), como veículo de comunicação com os vivos, já que o sangue é tido como portador de vida.
Moral: Para o africano, moral e religião são praticamente a mesma coisa. As ações que prejudicam a convivência humana ou o equilíbrio das forças naturais, são punidas pela autoridade tribal ou reparadas por ritos religiosos, pois irritam igualmente os espíritos, provocando calamidades públicas, como secas, enchentes, enfermidades, mortes... Desta forma, o africano se vê obrigado a respeitar os bens, a vida e a pessoa do próximo, ainda que não conheça preceitos morais impostos por Deus. O adultério é também severamente condenado, embora a vida sexual seja encarada com muita tolerância, pois se trata do exercício de uma função vital.
SINCRETISMO RELIGIOSO
Quem trouxe o candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravos da África Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).
Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou Afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá. Esse processo foi chamado de sincretismo religioso.
Candomblé retratado para a Unesco, pelo artista Carybé, argentino radicado na Bahia
Candomblé
O candomblé tem rituais muito bonitos, realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos "terreiros" - que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era em clareiras na mata que os escravos podiam expressar sua religiosidade. Os ritos são dirigidos por um pai de santo (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma mãe de santo (ialorixá). Também são feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios (um tipo de concha do mar que é usada como um oráculo para orientar e fazer previsões). Atualmente, os terreiros de um candomblé mais próximo a suas origens estão na Bahia.
Com o tempo, essa religião africana praticada no Brasil foi adquirindo características próprias. O candomblé de caboclo, por exemplo, é um ritual que incorpora elementos da cultura caipira e dos índios.
Umbanda
No início do século 20, algumas décadas depois da abolição da escravatura no Brasil, originou-se na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um culto afro-brasileiro muito importante: a umbanda. Ela incorpora práticas do candomblé, do catolicismo e do espiritismo. É um culto mais brasileiro, mais simples e mais popular, até porque seu idioma é o português e não as línguas ou dialetos africanos. Mas a umbanda também sofreu perseguições. Muitos terreiros foram invadidos pela polícia e os rituais foram proibidos.
No entanto, com a proclamação da República a Igreja e o Estado se separaram. A partir daí, tornou-se um contra-senso a polícia discriminar uma religião. Além disso, com o movimento modernista e a valorização da cultura popular, as religiões afro-brasileiras tornaram-se objeto de interesse e estudo de intelectuais que saíram em sua defesa.
Desse modo, a umbanda deixou de ser perseguida e foi conquistando muitos seguidores. Para a umbanda, o universo está povoado de entidades espirituais que são chamadas guias e se comunicam através de uma pessoa iniciada, o médium. As guias se apresentam como pomba-gira, caboclo ou preto-velho. O caboclo é a representação do índio brasileiro e o preto-velho representa o negro no cativeiro. Existem muitas diferenças na maneira como a religião é praticada nos diversos templos e terreiros de umbanda e nas diversas regiões do Brasil.
Referências:
http://www.didinho.org/africaorigemhistoricadonome.htm
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4535829352069546032#editor/target=post;postID=682764422199845372;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=0;src=postname
http://www.brasilescola.com/historiab/comercio-escravos-na-Africa.htm
http://www.alunosonline.com.br/historia-do-brasil/trabalho-escravo-africano-nos-engenhos-coloniais.html
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-era-uma-senzala
http://iadrn.blogspot.com.br/2013/02/o-reino-de-kush-descoberto-no-sudao.html
http://www.blogers.com.br/religiao-africana/
http://www.zun.com.br/cultura-afro-brasileira-resumo/
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/candomble-e-umbanda-religioes-africanas-e-sincretismo-religioso.htm
http://www.suapesquisa.com/paises/africa_do_sul/cultura_africa_do_sul.htm
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4535829352069546032#editor/target=post;postID=682764422199845372;onPublishedMenu=overview;onClosedMenu=overview;postNum=0;src=postname
http://1203africa.blogspot.com.br/
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http://1203africa.blogspot.com.br/